ultimos raios em scheveningen...
"Encontro a dor no fim de tudo. Não vou para um prazer sem pensar no fim, na desgraça em que tudo se aninha, no tédio de ter realizado... E na minha alma se fez pouco a pouco um grande vácuo, um amargo tédio por a vida ser só isto, por o sol brilhar de uma só forma e por já ter imaginado todas as coisas... E no entanto eu não vivi senão por imaginação... Deixa-me explicar-te isto melhor: é como se eu fosse composto de diferentes seres, cada um com as suas ideias, os seus sonhos e as suas ilusões, e por cada tarde que finda, na luz que cerra os olhos, um desaparecesse para sempre, levando-me uma parte de ventura e de tristeza... Eu nunca estou só. Quando me isolo é que estou mais acompanhado."